Gabriel Jansen no X-Alps: Superação, Treinamento Intenso e o Orgulho de Voar pelo Brasil!
Entrevistamos o Gabriel sobre sua preparação para o X-Alps
Recentemente, anunciamos a (re)união das duas maiores e principais entidades nacionais de administração do Voo Livre no Brasil, a ABP e a CBVL. Mas o que isso significa? Para onde isso deve caminhar?
Eu ainda não voava quando a ABP foi criada, então eu só soube das circunstâncias que levaram à sua fundação pelas notícias que cada pessoa dava de acordo com sua visão sobre o acontecido, da separação dos grupos de pilotos à época que tinham visões diferentes dos focos que a administração do esporte deveria seguir. Mas o tempo demonstrou que de certa maneira essa “separação” foi positiva para o Voo Livre nacional. As duas entidades seguiram caminhos diferentes e conseguiram evoluir muito – cada uma em um aspecto diferente.
Um dos exemplos destes caminhos diferentes vemos na qualidade dos eventos técnicos e de ensino que a ABP se especializou em organizar. A Clínica da ABP é hoje um dos maiores eventos deste tipo no mundo e proporciona uma imersão completa de pilotos e instrutores em temas de extrema importância, não apenas ao crescimento do piloto mas também ao aprimoramento do instrutor. Por outro lado, a CBVL se especializou de tal maneira em eventos competitivos que hoje o Brasil é o país que tem o maior número de pilotos figurando no ranking internacional do CIVL-FAI (mais que o dobro do número de pilotos do segundo lugar, a França).
Acontece que a ABP também tem seus interesses por competições, assim com a CBVL possui uma grande preocupação com a boa formação dos pilotos. Tenho certeza que grande parte dos pilotos sempre pensou: por que então essas entidades não trabalham juntas? Eis que o destino acabou apresentando uma oportunidade.
Ano passado tivemos a inestimável oportunidade de expor nossas visões sobre os RBAC 103 e 183 em webinário promovido pela ANAC. Participaram desse evento diversas entidades aerodesportivas brasileiras das mais variadas categorias, inclusive a ABP. Durante o evento fomos percebendo que as reivindicações da ABP e da CBVL eram exatamente as mesmas, as mesmas linhas de raciocínio, as mesmas preocupações e objetivos. Foi aí que a Inaihá, atual presidente da ABP, tomou a iniciativa e me convidou para uma conversa, que evoluiu para uma reunião institucional entre as diretorias e culminou nessa parceria (que foi carinhosamente apelidada pelo Kurt de “namoro”).
O grande objetivo inicial dessa parceria é realizar em conjunto o Primeiro Congresso Brasileiro de Voo Livre. Nosso desejo é conseguir produzir um evento mais robusto e mais completo do que as Clínicas e os ENPI, com palestrantes renomados do Brasil e do mundo, workshops variados, exposições, atividades práticas e abordagens pedagógicas diferentes. Não posso falar muito para não dar spoiler... então acompanhem nossas redes sociais!
Já que nossas visões de formação, preparo e reciclagem são as mesmas, enquanto organizamos o Congresso vamos aproveitar para revisar e tornar iguais nossos sistemas de nivelamento e, como consequência, nossos sistemas de ensino e de avaliação. A ABP tem muito a acrescentar nesse aspecto e há muita gente dedicada à criação de conteúdos educativos. Já CBVL tem uma plataforma pronta para hospedagem de material de ensino e para aplicação de avaliações teóricas. Assim vamos conseguir evoluir muito na formação dos pilotos e instrutores brasileiros.
Para acalmar os mais preocupados, isso não significa que as entidades vão se fundir e se tornarem uma só. Não é isso que desejamos neste momento. Acreditamos que é muito mais vantajoso termos no Brasil mais uma entidade forte, bem estruturada, bem administrada, para dar mais força e apoio nas demandas de nível nacional junto às autoridades aeronáuticas e políticas. Estamos auxiliando a ABP, inclusive, no seu credenciamento junto à ANAC. Queremos é somar e não suprimir.
Se esse “namoro” vai dar certo, só o tempo – e as administrações futuras de ambas entidades – dirá. Se não der certo, seguiremos com duas entidades fortes defendendo os interesses do Voo Livre. Se der certo, quem sabe não pode virar até casamento?