Encerramento de Gestão: Um Ciclo de Transformação para o Voo Livre
Vinícius Matuk escreve sobre sua gestão frente à CBVL
Novo acordo libera o voo do Cristo para Parapente e Asa Delta
Pilotos do Brasil e do mundo, é hora de comemorar! O icônico Voo do Cristo, símbolo máximo do voo livre no Rio de Janeiro, está oficialmente liberado novamente. Após anos de proibição, o retorno foi garantido por meio de um Acordo Operacional (CAOP), que representa uma verdadeira conquista histórica para o esporte e para a comunidade do voo livre.
Esse acordo, que resgata a possibilidade de sobrevoar o Cristo Redentor em toda a sua glória, foi assinado pelo Clube São Conrado de Voo Livre (CSCVL), pela Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros (ABRAPHE) e pela Helisul, com a intermediação do Centro Regional de Controle de Tráfego Aéreo da Aeronáutica e homologação pelo DECEA. Graças a esse trabalho conjunto, os céus do Rio abrem espaço novamente para asas-delta e parapentes sobre um dos monumentos mais emblemáticos do mundo.
A divisão da área de voo estabelece novos limites que garantem segurança e harmonia entre pilotos de parapente, asas e helicópteros:
O teto máximo será de 1400 metros, com um limite de cinco asas ou parapentes na área ao mesmo tempo. Cada piloto deverá portar um rádio ajustado à frequência oficial do CSCVL, garantindo total comunicação com a equipe de segurança e o monitoramento do espaço.
Essa retomada não é apenas uma conquista técnica, mas um verdadeiro resgate histórico. O Cristo Redentor, com sua imponência e simbolismo, sempre foi sinônimo de liberdade e de sonhos realizados. Agora, graças à dedicação de pessoas como Carlos Srour e outros envolvidos no CSCVL, os céus do Rio mais uma vez recebem as cores e a magia do voo livre.
Clique aqui para acessar o documento completo do Acordo Operacional.
Clique aqui para assistir ao vídeo explicativo sobre o Voo do Cristo.
Na entrevista a seguir, Carlos Srour compartilha os bastidores dessa vitória, revela detalhes do acordo e explica como os pilotos podem se preparar para viver esse momento inesquecível. Bora conferir? ✈️
Carlos, essa é uma notícia histórica para o voo livre no Brasil! Como foi o processo para chegar ao acordo operacional que agora permite o voo no Cristo?
Foi um longo processo. Em 2016, devido às Olimpíadas no Rio de Janeiro, houve a proibição do sobrevoo do Cristo. A questão se estendeu por preocupações de segurança, chegando a ameaçar o espaço aéreo do voo livre em São Conrado durante aquele período.
Com essa lacuna, o voo panorâmico de helicópteros começou a dominar aquele espaço aéreo, sobrepondo-se ao voo livre. Mesmo assim, asas-deltas e parapentes continuavam a sobrevoar o Cristo Redentor, gerando conflitos com os helicópteros, o que culminou na proibição oficial do sobrevoo no local.
O voo livre carioca perdeu seu berço histórico, onde o francês Stephan Dunoyer D'Segonzac realizou um voo de exibição em 1974, marcando o início do esporte no Brasil. Esse momento foi acompanhado com grande entusiasmo, graças à cobertura da jornalista Glória Maria, também uma apaixonada pelo voo livre.
Paralelamente, associações de moradores de bairros como Humaitá, Jardim Botânico e Lagoa travaram uma batalha contra os voos de helicópteros, apontando problemas como poluição sonora. A Arquidiocese do Rio de Janeiro, próxima ao voo livre carioca, também expressou preocupações sobre vibrações que poderiam afetar a estrutura do monumento e prejudicar missas e eventos na região do Cristo.
Diante disso, helicópteros e associações de moradores firmaram um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). Na época, como Diretor Institucional da CBVL e Diretor de Marketing do CSCVL, trabalhei exaustivamente em um dossiê histórico do voo livre, que se tornou capa da comemoração dos 100 anos do jornal O Globo. Buscávamos integrar o TAC para defender o espaço do voo livre, mas a solução veio através do trabalho exaustivo, estratégico e apaixonado dos Srs. Phil Haegler e Marcelo Araripe.
Phil Haegler, ex-presidente da ABVL/CBVL e bicampeão brasileiro de asa-delta, junto com Marcelo Araripe, especialista em espaço aéreo, liderou as negociações. Marcelo é reconhecido por sua atuação em eventos de grande porte no Rio e pela expertise no sobrevoo de parapente no Cristo. Com apoio de Chico Santos, Edson Pereira Nunes e Bernardo Blanquier, conseguimos finalmente o acordo operacional nos termos da Carta de Acordo Operacional, trazendo pacificação e retomando essa parte importante da nossa história.
O que esse acordo significa para os pilotos brasileiros e internacionais, considerando o sonho de muitos de voar nesse cenário icônico?
Significa muito. O voo do Cristo vai além de ser um sonho; ele é também um grande treinamento para pilotos de competição, possibilitando ensaiar provas de ida e volta e de pilões. A imagem do Rio de Janeiro, amplamente vinculada ao voo livre, ganhou ainda mais relevância graças às mídias sociais e à tecnologia, transformando o voo no Cristo em um sonho global para pilotos.
Como será a dinâmica desse acordo operacional entre os helicópteros turísticos e o Clube São Conrado de Voo Livre?
O acordo, elaborado sob o crivo dos órgãos controladores, tem validade inicial de 3 meses. Será essencial seguir as condições pactuadas para garantir o funcionamento harmonioso entre helicópteros e o voo livre.
Quais os dias e condições em que os voos serão permitidos?
O bom senso será primordial. Condições climáticas adversas, períodos festivos intensos e pousos fora de São Conrado são desaconselháveis. Além disso, pilotos devem evitar áreas densamente povoadas e rotas perigosas. A organização inclui medidas como ativação via telefone, uso de rádio obrigatório e a criação de uma comissão de pilotos experientes para gerenciar os voos.
Existe algum protocolo ou requisito específico que os pilotos precisarão seguir para realizar este voo?
Sim, há diversos protocolos descritos em um vídeo explicativo e na Carta de Acordo Operacional. A Diretoria de Segurança e Técnica do CSCVL ainda trabalha em detalhes finais para assegurar o cumprimento das regras.
Qual será o papel do Clube São Conrado de Voo Livre no gerenciamento e organização desses voos?
O CSCVL terá controle total sobre a gestão e organização dos voos, garantindo que tudo siga os parâmetros estabelecidos no acordo.
Que tipo de suporte será oferecido aos pilotos interessados em voar no Cristo?
O Clube oferecerá toda a orientação e estrutura necessária, em conformidade com as normas da CBVL.
Que mensagem você gostaria de passar para os pilotos sobre essa conquista?
Reconquistamos nossa história graças ao empenho de apaixonados pelo voo livre, especialmente Phil Haegler e Marcelo Araripe.
Quais são os principais conselhos para quem quer aproveitar essa oportunidade de voar no Cristo, respeitando as regras e mantendo a segurança?
Siga todos os protocolos da Diretoria de Segurança e Técnica do CSCVL. Acompanhe as atualizações no site do CSCVL e da CBVL, e nunca tome decisões que coloquem em risco sua segurança ou a continuidade do acordo.
Por fim, qual é o impacto que você espera que essa novidade tenha para o fortalecimento do voo livre como esporte e para a projeção do Brasil como potência mundial na modalidade?
O Rio de Janeiro e o Cristo Redentor são ícones do Brasil. Ao combinar o voo livre com esse símbolo, projetamos o esporte para o mundo. O voo livre no Rio já é uma das atividades esportivas mais procuradas globalmente, destacando a importância cultural e esportiva da modalidade no Brasil.