Poucos países têm uma história tão rica no voo livre quanto o nosso. Ao longo das décadas recebemos os maiores eventos, conquistamos títulos mundiais por equipes e individuais, estabelecemos inúmeros recordes, criamos uma grande comunidade de praticantes e apaixonados pelo esporte.

Além disso, vivemos um ano ímpar. Em 2021 celebramos os 45 anos de atuação da CBVL, os 40 do Mundial conquistado por Pepê Lopes e, também, recordamos as três décadas de sua ausência. Nada mais justo do que realizar uma grande homenagem formal neste momento.

O evento acontece às 15h deste sábado, 11 de dezembro, na Sede do Clube São Conrado de Voo Livre, na capital carioca. Ele também expressa a gratidão a inúmeras pessoas que trabalham pelo voo nos bastidores, longe da badalação do pódio, como gestores, parceiros, voluntários, apoiadores.

Galeria Histórica do Voo Livre

O resgate de nomes, datas, equipes, eventos e contextos exigiu incontáveis horas de pesquisa e dedicação, num trabalho encabeçado por seu idealizador. Felizmente, o voluntário Carlos ‘Zezé’ Srour - piloto de asa delta, colaborador e Diretor de Marketing do Clube São Conrado de Voo Livre - pôde contar com a ajuda de muitos parceiros nesta missão.

"Fiquei muito tempo morando fora do Brasil. Ao voltar encontrei amigos queridos e personalidades do voo, então me dei conta de que o tempo passa e a história precisa ficar. Conversei com o presidente da CBVL, Petry, sobre a ideia de fazer um ‘museu’ do nosso esporte, no subsolo do Clube. Iniciativa que surgiu com Gustavo Carreira, ex-presidente da ABVL e um dos pioneiros no voo, inclusive. Petry, junto de sua equipe que ofereceu apoio essencial, disse ‘Zé Carlos, o voo está em débito com estas pessoas! Em 45 anos nunca houve nenhuma ação deste tipo e ela tem de acontecer’”.

Então surgiu o nome Galeria Histórica do Voo Livre e o trabalho começou a tomar forma. Através dela, inicialmente serão homenageados homens e mulheres fundamentais na trajetória do esporte no país:

presidentes da CBVL e Clube São Conrado; veteranos e pioneiros do Clube, berço do voo no Brasil; todos os Campeões Brasileiros de Asa Delta e Parapente; Equipe Campeã Mundial de Asa de 1999; todas as equipes vice-campeãs do Mundial; mulheres que passaram por São Conrado. Desta forma, neste primeiro momento foram criadas 18 placas celebrativas, onde cada peça enaltece vários nomes. 

O que mais foi feito

Como se não bastasse todo o resgate histórico da trajetória, conquistas e desafios do voo livre nacional, o trabalho relacionado ao projeto já originou uma série de ações paralelas.

Em destaque, a revitalização de um grande muro às margens da praia. Desenhado por Diogo Franco, filho de Sudão, amigo de Pepê e criador de muitas de suas artes, como a da Barraca. Ao longo de 740 m³, o designer (especialista em grafite) elaborou uma grande homenagem à cidade do Rio de Janeiro, ao esporte e ao voo livre. Sua ideia era honrar o nome do pai e acabou honrando todos que partiram, inclusive de Pepê.

Outra ação foi a restauração da placa em homenagem a Maurício Klabin na rampa da Pedra Bonita - que hoje se chama Maurício Klabin. Em memória do filho e piloto, o pai Israel Klabin proporcionou a reestruturação completa da rampa, garantiu a área onde hoje é a sede do clube e, recentemente, providenciou um novo gramado sintético para a rampa. Se disse motivado pelas atividades de resgate histórico que vêm sendo realizadas. Israel, aliás, é um dos principais homenageados e das pessoas que mais fez pelo esporte no Rio de Janeiro.

Ainda, houve atividades na Praça do Pepê. O espaço recebeu quatro elementos, onde cada um representa um período do voo livre nacional e suas conquistas internacionais: anos 1970, década de 1980, anos 1990 e século XXI. 

Por fim, a sede da CBVL. A sala principal ganhou uma série de benfeitorias e agora está apta para diversos usos, incluindo de instrução, celebração ou eventos. Também foi revitalizada a Central de Mídia, que irá receber as placas celebrativas dos 45 anos da CBVL.

O que deve vir pela frente

Diante de uma história tão rica e densa, o trabalho em prol deste resgate necessita continuar. Por isso, o projeto já incluiu um pequeno evento (onde foram homenageadas 5 pessoas e obteve excelente repercussão), terá a ação deste sábado e deve seguir com novas iniciativas. Entre elas, está prevista a expansão da Galeria, que deve ocupar 7 contêineres, permitindo sua visitação de forma presencial e virtual.

“Agora vamos homenagear centenas de pessoas, mas ainda é pouco. Selecionamos algumas de cada grupo, pilotos, veteranos, voluntários, campeões, mas há muito pela frente. Nossa dívida é imprescindível, chama-se gratidão e só pode ser paga com o devido reconhecimento a tantas personalidades que trabalharam, e trabalham, pelo espote”, diz Srour.