Entrevista: Seleção fala sobre o Mundial de Parapente 2021

Veja as expectativas de atletas que representarão o Brasil na França, em maio e junho

01 de fevereiro de 2021 - Por Guilherme Augusto

Faltam pouco mais de cem dias para iniciar o Campeonato Mundial de Parapente 2021 e nós conversamos com atletas que compõem a Seleção Brasileira para saber como estão suas expectativas para o evento. As provas reúnem os melhores pilotos do planeta de 23 de maio a 5 de junho na região de Chamousset, na França.

Em 2019, Seleção Brasileira composta por Marcella Uchoa, Rafael Barros, Frank Brown, Rafael Saladini e o team leader Dió faturou o sétimo lugar

Estaremos representados por quatro pilotos, incluindo a categoria feminina. Como a escolha teve como critério o ranking 2019, conforme previsto em regulamento, a Seleção deve ser composta por Rafael Saladini, Rafael Barros, Gilberto Raposo e Marcella Uchoa.

Mas por que ‘deve’? Acontece que cada país tem até o dia 15 de fevereiro para inscrever seus representantes, então podem ocorrer alterações até lá. Caso haja alguma desistência ou imprevisto, o 'primeiro suplente' é o experiente Érico Oliveira, piloto há 20 anos e membro do top10 nacional desde 2012.

Outro fato que merece destaque é o apoio que o elenco recebe da CBVL. Além de todo o suporte institucional, a Confederação também oferece incentivo financeiro aos nossos atletas nos Mundiais de Asa Delta e de Parapente. Na última edição, em 2019, a CBVL incentivou as equipes de asa e parapente em R$ 75 mil, maior incentivo histórico da entidade, e nos mundiais de 2021 o valor deve atingir os R$ 80 mil.

Bora pra entrevista?

CBVL: Já participou de outras edições do Mundial? Como estar entre os melhores pilotos do mundo?

Gilberto: Esta será a minha primeira participação no Mundial e estou bastante animado. Eu também iria voar na final do PWC 2020, mas acabou não rolando por causa da pandemia.

Marcella: Voei no Mundial de 2019, na Macedônia, e a sensação foi incrível. É diferente de tudo, tanto pela importância do evento quanto por você estar ali, representando seu país, voando em equipe.

Rafael Barros: Até aqui participei apenas na Macedônia, em 2019. Voar com os melhores do mundo é uma sensação única e também uma oportunidade de evoluirmos muito. Aprendemos bastante e acabamos elevando nosso nível técnico também.

Raposo espera ser 'o azarão' do time

CBVL: As provas vão acontecer na montanhosa região de Chamousset, leste da França, perto da Itália e Suíça. Já voou lá?

Gilberto: Tenho alguma experiência por lá sim. Já voei em Annency e Chamonix, que ficam perto, mas foram voos locais, com amigos, nada competitivo. Annecy, por exemplo, é uma região lindíssima para voar, além de ser um polo do voo livre, aliás, um dos maiores do mundo. As montanhas são impressionantes, ainda mais com o Montblanc ao fundo.

Marcella: Ainda não! Conheço a região, mas esta vai ser a primeira oportunidade de decolar lá.

Rafael Barros: Conheço Chamosset e, inclusive, participei de um PWC lá em 2019. É um dos lugares onde mais gostei de voar,  com condições de alpes, térmicas bem fortes, turbulentas e, às vezes, com grande influência de ventos. Mandaram bem, é um lugar top para realizar o Mundial.

Marcella ficou em quarto no Mundial 2019. Agora quer o título

CBVL: Faltam cerca de três meses para o desafio. Como está o treinamento?

Gilberto: Nesta época do ano chove muito aqui em Poços de Caldas (MG), onde eu moro, o que tem atrapalhado um pouco meus treinamento. Porém, vou voar as etapas do Campeonato Mineiro para retomar o ritmo.

Marcella: Estou treinando bastante e quero seguir intensificando. Meu objetivo é competir em todos os eventos possíveis até lá.

Rafael Barros: A pandemia tem nos atrapalhado, né? Como não houve competições recentemente não consegui voar o quanto gostaria, mas a partir de fevereiro irei focar bastante nos voos. Quero estar bem preparado para garantir o melhor resultado, tanto na equipe quanto individualmente.

Tricampeão Brasileiro, Saladini vai representar o Brasil no Mundial pela terceira vez

CBVL: O que você espera do Mundial? Podemos adiantar algo sobre as estratégias?

Gilberto: Meu maior foco será desenvolver o trabalho em equipe, ajudando sempre  e em tudo o que puder. Sobre a estratégia, planejo ser mais conservador nas primeiras provas e ir atacando gradativamente no decorrer do campeonato, quando for pegando mais confiança na região.

Marcella:  Mais uma vez, quero ir para aprender, aproveitando que estaremos ao lado dos melhores pilotos do mundo. Claro que também vou com o sonho de conquistar o pódio no Feminino, que dá outra vez passou perto quando fiquei em quarto.

Rafael Barros: Tenho grandes expectativas por bons resultado, afinal conheço a região e tenho algumas estratégias traçadas. Espero, então, chegar ao menos entre os 15 primeiros.

Rafael Barros: temos tudo para ficar entre os cinco melhores times

CBVL: E o que nós podemos esperar da Seleção Brasileira?

Gilberto: Estou confiante de bons resultados. Nosso time vai ter o Saladini, que é o atual tricampeão Brasileiro e detém vários recordes mundiais. Acredito que ele tem chances reais de brigar pelas primeiras colocações, voando na frente e com muita regularidade. Já o Rafael Barros tem um perfil mais agressivo, que se acertar pode ir para as cabeças. E eu, no meu primeiro Mundial, sinceramente, espero ser o azarão. Desejo que o vôo em equipe nos fortaleça na competição.

Marcella: Para mim, nós temos muitas chances de conquistar bons resultados. Acredito que somos um dos melhores times do mundo.

Rafael Barros: Creio que podemos ter bons resultados, afinal estamos indo com um dos melhores pilotos do mundo, que é o Saladini, e  eu tenho mais experiência, estou mais maduro. Pode não ter muita experiência em voar no exterior, mas o Gilberto é um ótimo competidor e acredito que possa surpreender. Por fim, a Marcella é uma excelente ‘pilota’ e tem grande experiência. Na minha opinião, temos tudo para ficar entre os 5 melhores do mundo.

Foto da capa: Philippe Broers

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