Gabriel Jansen no X-Alps: Superação, Treinamento Intenso e o Orgulho de Voar pelo Brasil!
Entrevistamos o Gabriel sobre sua preparação para o X-Alps
Decisão do Campeonato movimentou Baixo Guandu (ES) ao longo da última semana
Apaixonados pelo voo livre puderam acompanhar mais um espetáculo do esporte ao longo da última semana. De 4 a 11 de setembro, Baixo Guandu (ES) recebeu a etapa final do Campeonato Brasileiro de Parapente 2021. E que final.
A briga pelo título gerou uma das disputas mais acirradas da história da competição. Se no início os dez primeiros colocados - separados por pouco mais de 200 pontos - tinham chance de título, no final o troféu foi para Rafael Saladini por uma diferença minúscula, de apenas um ponto.
Campeão em 2019, Saladini chegou à decisão dividindo o favoritismo com Gilmar Couto, vencedor da primeira etapa do Brasileiro 2021. Porém, Gilmarzinho teve dificuldades para manter a campanha vitoriosa de Governador Valadares e aos poucos surgiu um novo rival. Rafael Barros.
Disputa de Rafas: Barros e Saladini conversam após um dia de provas
O piloto fez uma campanha com regularidade e ritmo forte, colecionando bons resultados desde os primeiros dias. Além disso, Barros matou a sexta prova, quando travou uma linda batalha com Saladini e concluiu o desafio com apenas 6 segundos de vantagem - e um ponto - sobre o rival. Uma prova de 100 km e muito calor, aliás.
E assim Barros chegou ao último dia, líder na classificação geral por uma pequena margem e embalado pelo excelente desempenho do dia anterior. Porém, Saladini acertou na estratégia do dia decisivo e acabou revertendo o placar. Ao final, Rafa Barros ficou campeão da Etapa Baixo Guandu, enquanto Rafa Saladini garantiu o Campeonato Brasileiro.
Rafa Barros fez ótimas provas e venceu a etapa de Baixo Guandu
Segundo o próprio carioca, Saladini não vinha de seu melhor momento como atleta. Ainda se recuperava de cirurgia e enfrentava outras adversidades, logo precisaria de uma estratégia para contornar as limitações. E encontrou.
Para reverter os maus resultados dos primeiros dias - quando terminou em 9º e em 11º -, Rafa venceu a terceira prova. No quinto dia ficou em terceiro, empatado com Marcelo Pietro, e nos últimos passou a jogar com o regulamento sob o braço. Sua missão era anular o ímpeto de Rafa Barros.
E foi assim que eles voaram nas provas finais, colados. Era uma marcação contínua, do start ao goal. Além disso, no sábado Saladini precisava retardar o relógio a fim de alterar o valor dos descartes, numa tentativ de reverter sua desvantagem. Deu certo.
Todos queríamos conhecer o campeão já no goal. Porém, o resultado precisava da apuração final e saiu apenas à noite, poucos minutos antes da cerimônia de premiação. Saladini somou 8.270 pontos, contra 8.269 de Barros.
Assim, se tornou tetracampeão Brasieiro de Parapente pelo quarto ano consecutivo, um feito até então conquistado apenas por Frank Brown, em 2006. Já com o troféu em mãos, dedicou o título ao filho, de quatro meses e prematuro, Gael.
Rafael Saladini e o mexicano Manuel Quintanila, que venceu o primeiro dia
“O Rafa (Barros) vem de uma ótima fase e tava muito constante e agressivo, soube me marcar e jogar o jogo. No último dia ele estava me marcando demais, então mudei de tática, decidindo atrasar o nosso voo. Consegui nos atrasar 13 minutos, mudando as notas de descarte. Para mim foi uma vitória de estratégia”.
A melhor campanha entre as mulheres também veio de um rosto já conhecido pela comunidade do voo. Marcella Uchoa chegou à final como favorita, pois é a atual campeã e venceu a fase anterior, em Valadares. De quebra, ainda faturou o PWC Servia entre as duas etapas, em julho.
E Marcella não decepcionou. Ficou em primeiro na Feminino em seis dos sete dias de provas e conquistou 4.901 pontos em Baixo Guandu. Ao final, somou 8.045 pontos e ainda obteve o 10º lugar na Pro.
“Estou super feliz com o tricampeonato. Meu objetivo era ficar entre os cinco melhores na geral, mas acabei não mantendo o ritmo na segunda etapa. Este foi um dos Brasileiros mais difíceis que já vi, num nível altíssimo de competitividade. O próximo desafio é o Mundial deste ano, na Argentina. Sei que vai ser difícil, mas quero o título na feminina”.
O primeiro título de Campeão Brasileiro a gente nunca esquece. Em 2021, Ronnie Koerich migrou para a categoria Aspirante e, voando de vela D, faturou sua primeira conquista nacional.
Depois de vencer a etapa de Governador Valadares com boa margem, o piloto entrou na segunda como favorito ao título. Mas para garantir o resultado teve de encarar rivais à altura, como o campeão da segunda etapa Tulio Subira Coutinho.
“Minha estratégia para a final estava bem definida: ir bem em todas as provas, mas sem me arriscar demais, protegido pela vantagem de GV. Eu já competi vários anos na Open e agora quis fazer um experimento, testando coisas e táticas novas, e vim pra Serial. E estou saindo com o título logo no primeiro ano,o que é um motivo para muita alegria”.
Esta foi a primeira vez que o Campeonato Brasileiro de Parapente aterrissou em Baixo Guandu durante o inverno, numa aposta que acabaria surpreendendo a todos positivamente. Além de sete dias de provas - em sete dias de evento -, a região ofereceria aos pilotos condições variadas de pilotagem, exigindo resistência física, resiliência e estratégia.
O evento foi organizado pela Associação Capixaba de Voo Livre (ACVL), com apoio e supervisão da Confederação Brasileira de Voo Livre. Também contou com suporte da Prefeitura Municipal de Baixo Guandu e do Governo do Espírito Santo.
PRO
1 - Rafael Saladini (8.289 pontos)
2 - Rafael Barros (8.287)
3 - Gilmar de Couto (8.243)
4 - Luciano Horn (8.222)
5 - Cario Buzzarello (8.217)
ASPIRANTE
1 - Ronnie Koerich (8.017)
2 - Rogério Santos Felix (7.698)
3 - Lucilei Dal Pozzo (7.432)
4 - Raney de Freitas (7.311)
5 - Hilton Becke (7.246)
FEMININO
1 - Marcella Uchoa (8.064)
2 - Isabela Sales (6.016)
3 - Elisa Eisenlohr (5.637)
4 - Raquel Venceslau (5.065)
PRO
1 - Rafael Barros (5.120)
2 - Marcelo Pietro - Cecéu (5.119)
3 - Rafael Saladini (5.081)
3 - Caio Buzzarello (5.081)
5 - Tulio Subira Coutinho (5.076)
ASPIRANTE
1 - Tulio Subira Coutinho (5.076)
2 - Ronnie Koerich (4.866)
3 - Rogerio Felix (4.847)
4 - Hilton Becke (4.842)
5 - Lucilei Dal Pozzo (4.692)
FEMININO
1 - Marcella Uchoa (4.901)
2 - Isabela Sales (3.744)
3 - Raquel Venceslau (3.511)
4 - Elisa Eisenlohr (3.394)
Resultados completos no site
Fotos: Guilherme Augusto / Divulgação CBVL