Voando Cross Country no verão gaúcho

Estado está vivendo o auge de sua temporada, com voos em diferentes regiões, paisagens e níveis de experiência

02 de fevereiro de 2023 - Por Guilherme Augusto

O Brasil é gigante, diverso e lindo. Assim, é possível aproveitar as dimensões continentais do nosso território para fazer ótimos voos durante o ano inteiro, basta conhecer as épocas e locais certos para decolar. E agora é a vez do Rio Grande do Sul.

As temporadas gaúchas de cross-country iniciam no meio da primavera e entram verão adentro. De final de novembro a fevereiro, o RS é um dos melhores lugares do mundo para voar. Enquanto o inverno castiga o hemisfério norte e a temporada de chuvas molha quase todo o Brasil, na terra dos gaúchos há muito voo de distância.

Por se localizar no extremo sul do Brasil, o estado possui a maior janela de voo do país durante a temporada, com condições excelentes para pilotos que estão iniciando no Cross e para pilotos que buscam quilometragem e treinamento.

Como é voar no Rio Grande do Sul

Se você está cogitando pegar seu equipamento e voar no estado pela primeira vez, vamos lhe mostrar alguns motivos para dar uma chance ao RS. A começar pelos diferenciais de voar lá.

O primeiro é poder voar XC, claro. O segundo é a diversidade de relevos paisagens e condições de voo. É possível sobrevoar trechos de mata atlântica, florestas, enormes lavouras, grandes lagoas, o litoral e, ainda, intermináveis quilômetros de Pampa. O bioma exclusivo do estado é uma enorme planície com pequenas ondulações e vegetação rasteira. O Rio Grande do Sul é verde, e muito bonito.

Ainda, há várias opções de rampas. Mesmo quem está pensando em voar longas distâncias pode optar por sítios de voo mais desafiadores ou tranquilos, conhecidos ou pouco explorados. E é aí que entra o último fator: estrutura. Praticamente todas as cidades têm fácil acesso rodoviário - facilitando muito o resgate, hotéis, restaurantes, atrativos turísticos.

Principais rampas para fazer distância no RS

Interessado? Vamos aos principais sítios de voo de XC na temporada. Em todos eles é possível cruzar a marca do 100 km em dias fáceis para iniciantes e também buscar múltiplos de 100 nos dias de condição mais extrema.

Jaguari: é um sítio ‘jovem’, que vem sendo explorado há poucas temporadas e surpreendeu a comunidade de voo do RS com marcas grandes de km para os padrões gaúchos. Localizado no oeste do estado, na transição entre o Pampa e o Planalto, em uma região normalmente afetada pela estiagem, a condição em Jaguari propicia dias com gradiente térmico muito alto e umidade baixa, com temperaturas de mais de 35°C na rampa e perto de 0°C na base. Por isso, a região é carinhosamente chamada de Sertão Gaúcho pelos locais. O voo rola com ventos de SE, S e SW.

Teutônia: um dos sítios mais tradicionais de XC pela facilidade do acesso e do voo. Tem um grande Notam, além da possibilidade de voar em amplo espaço golf. Está relativamente próxima a Porto Alegre e tem uma rota muito bonita cruzando o Vale do Taquari e subindo o planalto gaúcho. Tem no histórico diversos voos acima dos 200 km.

A condição ideal acontece após a passagem de frente fria (um ou dois dias após), com vento sul e formações abundantes. A decolagem é pequena e sempre disputada nos dias clássicos.

Caçapava do Sul: fica na região central do estado e registrou algumas das melhores marcas de 2023, com muitos voos acima dos 200km - aliás, Donizete, Alfio e Luciano Horn já voaram 326 km de lá, cravando o recorde estatual de distância livre. É praticamente exclusiva para XC, com condição forte de vento leste. A rota é facilitada pela geografia do Pampa, totalmente flat após a serra de Caçapava, facilitando o voo em condições de ventão.

Outras possibilidades

Com tanto potencial, é natural que os voos de distância no RS estejam se desenvolvendo. É aí que surgem mais dois protagonistas: os grandes triângulos e as decolagens rebocadas.

Decolar rebocado permite explorar outras regiões do estado, com potencial de XC tão interessante quanto o das rampas tradicionais. Além das cidades já citadas, é possível fazer bons voos em locais como Bagé e Tupanciretã, em diferentes regiões do estado.

Já os grandes triângulos rolam, por exemplo, nas proximidades de Agudo, Teutônia, em Sapiranga (particularmente boa para iniciantes, com voo fácil escorado numa cordilheira) e Rolante.

O que saber antes de ir

Hora de fazer as malas. Antes de ir, procure saber onde se pode voar, com informações sobre Notans e acordos operacionais, caso queira decolar rebocado. Também busque os pilotos locais, especialmente o pessoal que já tem experiência em XC. Provavelmente os encontrará equipando em Caçapava, Jaguari ou Teutônia.

Bora voar? Aproveite a boa malha de estradas, a proximidade e estrutura entre as cidades (mesmo em regiões menos povoadas do estado), a segurança e bons voos!

 

Colaboraram para esta pauta: Flávio Lyszkowski Pinheiro, Gustavo Agne e Lucas Axelrud.

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