Aberta a temporada de Cross Country no Sertão!

Confira nossas dicas para curtir os melhores voos de distância do mundo, especialmente para quem quer bater recordes pessoais

02 de outubro de 2020 - Por Guilherme Augusto

A temporada de Cross Country no Sertão é tão aguardada por nós quanto o carnaval é aos foliões ou a Copa do Mundo aos fãs de futebol. Por isso, veja dicas de como aproveitar as condições oferecidas pelo Nordeste do Brasil, mundialmente reconhecido como um dos melhores lugares para a prática de voo livre em longas distâncias.

Oficialmente, a ‘temporada de recordes’ vai dos últimos dias de setembro até dezembro, com pico em outubro e novembro. E ela não leva esse nome à toa, afinal o Sertão foi palco para os mais recentes recordes mundiais de cross.

Os últimos vieram em outubro de 2019. Na asa delta, Glauco Pinto definiu um novo Recorde Mundial Passando por 3 Pontos ao voar 631 quilômetros, decolando de Tacima (PB). Além disso, cravou o Recorde Sul Americano de distância (621 km) e o Recorde Mundial de Gol Declarado (615 km). Quer mais?

Já no parapente, decolando da mesma cidade, o trio Marcelo Pietro, Rafael Barros e Rafael Saladini estabeleceram uma nova marca de Distância Livre e OLC. Para isso voaram 582 km.

Quer conhecer mais sobre os recordes estabelecidos por brasileiros? Veja a aba dedicada a campeões e recordistas aqui no site da CBVL. Acesse: aqui.

Como é a condição no Sertão

Para elaborar esta reportagem tivemos a ajuda de Eurismar de Freitas Moura Júnior, que trabalha como guia local. Assim, auxilia quem busca quebrar grandes recordes e, também, pilotos que querem ‘apenas’ estabelecer novas marcas pessoais.Com a palavra, o guia: “primeiro, é preciso ter uma base de como é voar no Sertão. Algumas pessoas fazem terrorismo e acabaram criando uma imagem de que voar aqui é algo inalcançável e apenas para os melhores pilotos. Não é verdade, pois temos ótimas condições, térmicas excelentes, que atendem pilotos intermediários e avançados. Claro, não é destinado a iniciantes no cross. Além disso, num dia de condições mais intensas você pode simplesmente não voar e dedicar o tempo a curtir a viagem, conhecer praias como a da Canoa Quebrada, as pessoas, a energia positiva daqui. Venha para curtir voos tranquilos e a experiência”.

E como tá a condição nesta temporada?

O inverno de 2020 no Nordeste foi bastante chuvoso na maioria das regiões e, assim, ‘há muita água’ no Sertão. A consequência disso é a formação de ‘microclimas’, que acabam atuando como barreiras naturais dos ventos. Ou seja, os ventos estão mais fracos que os dos últimos anos.

Neste ano os maiores voos devem ser rebocados, partindo do Rio Grande do Norte, onde está o maior número de praticantes neste momento. Aliás, a região oferece boas condições para este tipo de decolagem, sendo possível elevar os pilotos a até mil metros de altura, deixando com que eles se preocupem apenas em se manter voando - e não mais, também, em subir.

Claro que ainda haverá diversos atletas partindo de Quixadá e outras rampas tradicionais. Porém, “geralmente são pessoas que querem voos menores, de 200 ou 300 quilômetros, e não quem busca novos recordes nacionais ou mundiais”, segundo Eurismar.

O que eu preciso para voar no Nordeste?

Primeiro, tempo. Falando em mudanças de condição, o recomendado é que o piloto reserve ao menos uma semana para a viagem, pois geralmente os ciclos de sete dias são formados assim: dois dias especiais, com muitas formações; quatro medianos; um realmente ruim, sem condições de voo. Portanto, geralmente, nos seis primeiros é possível fazer grandes distâncias.

Segundo, equipamento. O ideal é voar na região com um Spot, que irá facilitar seu resgate. Se não for possível, é necessário estar em equipe e, necessariamente, todos devem posar juntos quando o primeiro chegar ao chão. Além disso, claro, o recomendado é voar na companhia de alguém que já conheça a região, seja um guia ou amigo piloto.

Quer uma ajuda extra? Não tem problema. Há várias empresas que oferecem assistência a pilotos no Sertão, promovendo cursos e aulas de instrução. Via de regra, elas apresentam uma base teórica e a condição da região, então partem para a parte prática onde avaliam o voo do ‘aluno’, apontam ajustes e também oferecem voos acompanhados por pilotos locais. 

Uma das opções é oferecida pelo próprio Eurismar e equipe. “Nós temos um curso de quatro dias, ideal para quem quer conhecer o Sertão da forma mais segura”. O investimento nestes programas é de aproximadamente R$ 1.500 por participante.

Outra alternativa é contratar empresas para acompanhar seus voos pelo Sertão, com translados e resgate, mas sem o curso em si. Enfim, há várias opções, pacotes e variações à disposição dos interessados.

Quero voar pela primeira vez no Sertão. Qual o melhor mês?

Corre, Forrest! Via de regra, a melhor condição para voos no Sertão é encontrada em outubro (não por coincidência o mês em que os recordes citados no início do texto foram estabelecidos), então é preciso correr caso você queira ter esta experiência ainda em 2020.

Mas também não precisa se afobar. Afinal, geralmente, as condições mais favoráveis se estendem até novembro. Além disso, dezembro é conhecido por ser um mês ‘para quem já voa Cros e não quer ventaca’. Então há tempo, faça seu planejamento com tranquilidade, escolha a forma que melhor se adapta à sua realidade e bora pra rampa - ou ao reboque.

Extra: aprenda com campeões

E aí, animad@ em voar no Sertão? Nós também estamos! Mas espera que a gente tem mais uma dica que vai deixar você com ainda mais vontade de estabelecer novas marcas - especialmente se é um iniciante no Cross.

Estamos falando de uma live que fizemos em julho durante uma das transmissões do #PapoDeVoo. Adivinha com quem? Com recordistas de voo em distância, ora. E sobre o que Donizete Lemos (o Bigode), Rafael Saladini e Samuel Nascimento falaram? Justamente sobre dicas de como superar a barreira dos 200 quilômetros!

Imperdível, né? Confira o vídeo no nosso canal no YouTube. Aliás, aproveite para garimpar mais dicas por lá, tem muuuita informação top. Bons voos!

Crédito da foto: Roberto Meira

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