Gabriel Jansen no X-Alps: Superação, Treinamento Intenso e o Orgulho de Voar pelo Brasil!
Entrevistamos o Gabriel sobre sua preparação para o X-Alps
Conheça José Stein, um apaixonado pelo voo livre e uma prova de que nunca é tarde para começar
Em um dia qualquer há muitas décadas, José Luiz Stein ouviu algo no rádio sobre parapente. Curioso, resolveu fazer aulas. Não imaginava ele que descobriria ali uma paixão e que, décadas mais tarde, dedicaria incontáveis horas a essa nova atividade favorita.
Hoje, o gaúcho está com 82 anos e anda pelas rampas e pousos com a alegria de um guri. Morador de Caxias do Sul (RS), decola pelo menos uma vez na semana e mostra que a idade é só um número. Também, é um exemplo de como nunca é tarde para começar.
Stein, como é conhecido, nasceu em Porto Alegre (RS) no distante ano de 1941. Fez carreira como cirurgião dentista e especializou-se no atendimento de crianças e adolescentes. “Trabalhei com jovens por tanto tempo que acabei herdando um pouco da jovialidade’ deles”, disse o aposentado que parece não envelhecer.
Sua relação com o céu começou no início da vida adulta, quando se tornou piloto privado, pilotando pequenos aviões. Anos mais tarde, já bem perto dos 40, resolveu procurar um instrutor e começou a voar de parapente.
No dia em que completou 60, decolou pela primeira vez de asa delta. Mais tarde retornaria ao parapente, por ser mais leve e fácil de manusear. “A asa ficou pesada de repente, era difícil colocar ela em cima do carro. Não sei o que aconteceu”, brinca ao relembrar o episódio vivido quando já tinha mais de sete décadas de vida.
Hoje, Stein é um assíduo frequentador das rampas de sua região. As favoritas ficam em Torres (RS) e Nova Petrópolis (RS), no Ninho das Águias. Também costuma decolar de Sapiranga, sede da AGVL, onde foi membro por muitos anos.
Ao menos uma vez por semana ele sobe o pico, revisa seus equipamentos e decola, sempre acompanhado da esposa e companheira Dalva. Sem qualquer pressa.
“Fico esperando o vento virar, a condição ideal. Às vezes se passam horas e, em alguns dias, nem dá pra voar. Mas eu não me importo. Isso é bom demais”.
Também não se importa com a distância que será percorrida. “Já acompanhei muitos campeonatos, voei em muitos lugares. Até nos Estados Unidos, onde mora minha filha Viviane. Mas nunca fui de competir ou dei bola para números. Eu não me estresso. O que importa é curtir, é voar”.
Esbanjando vitalidade, Stein não pensa em parar de voar. Pelo contrário. É só falar no assunto que ele já fica animado para tirar os pés do chão mais uma vez.
“Voar é incrível. Conhecemos pessoas, fazemos bons amigos, respiramos o ar puro. Ninguém discute, briga, fala de política; é algo que só tem coisas boas. Sabe, dizem que Deus pára o cronômetro da vida enquanto estamos no céu, assim esse tempo se torna um bônus e a ‘nossa hora’ demora mais para chegar. Pretendo seguir voando”.
E nadando, também. O veterano pratica natação ao menos duas vezes por semana há mais de 40 anos. “O segredo pra viver muito? Essas coisas que todos falam. Não beber muito, se cuidar, zelar por uma boa condição física. E eu gosto de ler, também. Só não gosto de assistir TV”.
Não é todo dia que encontramos tanta jovialidade numa pessoa de 80 anos. Tampouco, um piloto de voo livre tão assíduo e apaixonado. Portanto, não podíamos perder a chance de aprender um pouco com seu conhecimento e, por isso, pedimos ao veterano um pequeno recado aos mais jovens.
“O pessoal tem que pensar mais no voo. Ao invés de momentos, tem gente que fica preocupada demais com coisas, especialmente equipamentos. Estão sempre pensando em comprar um equipamento novo, em voar com o que tem de melhor, naquilo que os outros já estão usando… e simplesmente não voa. Às vezes, até se desanima e desiste do voo. Não precisa. O negócio é voar usando os recursos que você tem à disposição. O que importa é voar”.
Muitos anos de voo, Stein!